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Da sala de aula para o parlamento, uma trajetória marcada pela coragem

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Se alguém pensar em fazer política sem gostar de lidar com gente o tempo todo, é melhor nem começar. Parece frase de efeito, mas não é. Essa é a percepção de quem vive nesse ambiente desde o início dos anos 1990, seja nos bastidores ou na linha de frente, superando desafios os mais diversos. O primeiro deles: ser mulher, em um segmento predominantemente masculino. Foi a consciência de saber exatamente o seu lugar, como ser político, que levou Eremita Mota Araújo ao quarto mandato de vereadora e, mais recentemente, à presidência da Câmara Municipal da segunda maior cidade da Bahia.
Quando veio para Feira de Santana, buscando espaço como professora, aos 18 anos de idade, a jovem nascida em Castro Alves deixou para trás tudo que vivera até então e se agarrou ao sonho de morar na cidade grande. A primeira coisa que ela descobriu, quando tentou uma vaga como profissional do Magistério, foi que a política está em todas as áreas da vida. Antes de completar 20 anos já era professora efetiva do Estado. Cinco anos depois, vice-diretora e em seguida diretora geral da Escola João Durval Carneiro.
Ali, Eremita aperfeiçoou o que gostava de fazer, promovendo a conexão entre estudantes, professores e a comunidade. Ela já estava exercitando a arte de fazer política e logo entendeu que a vaidade poderia impedir a realização de um trabalho de maior alcance, como preconizava o então deputado Wilson Falcão, político ligado a Antônio Carlos Magalhães. Seria inspiração? “Você tem que se inspirar, ter referências, vibrações positivas, caso contrário não pode transmitir o que representa”, afirma, destacando a importância do respeito ao outro, em qualquer situação.
O casamento, que resultou em dois filhos, também veio cedo em sua vida. Em 1992, na última eleição de cédulas, apoiou o marido, Carlos Madeira, que exerceu aquele e mais um mandato de vereador. “Foi um grande aprendizado”, recorda a presidente do Legislativo feirense. Em 1999 veio o divórcio e, junto com a separação, uma força interna que ela atribui, ainda hoje, a uma “conexão divina”. Com a pré-disposição de querer sempre o melhor, Eremita foi à luta, apostou no próprio potencial e o resultado veio em forma de números, em 2004: a primeira mulher mais votada na história de Feira de Santana, com 4.036 votos. Fácil não foi, mas fez surgir um lema que segue ainda hoje. “Pra cima do medo, a coragem”.
De bem com a vida. É assim que Eremita se define, quando diz que enfrenta as discriminações, muitas vezes demonstradas em forma de brincadeira, não aceita perseguições, mas não gosta de “mimimi”. Mulher realizada? Sem dúvida alguma, embora ainda tenha muitos projetos a serem executados. O mais próximo certamente será a disputa de um novo mandato, para qual está se preparando dia após dia, sempre buscando inspiração em histórias de mulheres que vão longe, mesmo sem sair do lugar que escolheram para viver, “garantindo sempre o seu direito de falar e fazer”.